Face de um postal ilustrado por Donald McGill
What they are doing is to give expression to the Sancho Panza view of life, conclui George Orwell no texto que em 1941 dedica aos postais humorísticos de Donald McGill (The Art of Donald McGill). Para o autor, os postais do inglês McGill (como de resto, os postais humorísticos em geral) dariam expressão a uma faceta dionisíaca do humano que precisa ocasionalmente de ser ouvida: é o lado de quem quer "camas macias, nenhum trabalho, canecas de cerveja e mulheres com figuras voluptuosas".
São postais sem qualquer pretensão artística, são ostensivamente banais e vulgares, as piadas que ilustram soam-nos sempre a déjà-vu, são-nos familiares e as suas imagens são "algo tão tradicional como a tragédia grega, uma espécie de sub-mundo de 'traseiros' exagerados e sogras escanzeladas que são uma parte da consciência ocidental europeia". Com desenhos grotescos, figuras feias e uma atmosfera mental de baixo nível, os postais cómicos diferem desse belo 'standard' mais quixotesco e apolíneo que o postal às vezes insiste em enquadrar, com os seus pôr-do-sol, as suas figuras femininas ideais, as suas reproduções de obras de arte, ou as suas avenidas bem iluminadas e vazias.
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