Tuesday, April 6, 2010

The Postcard Century e Portugal / The Postcard Century and Portugal


Um dos postais encontra-se na capa, discretamente, a um canto, apenas entrevisto numa profusão de postais. O Papa Paulo VI está de mão dada com a Irmã Lúcia, posando para a fotografia, com a imagem de Nossa Senhora por trás. Estávamos em 1968, e em Fátima comemorava-se o cinquentenário das aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos.

Diferente é o caso dos outros dois postais. Um reporta-se ao Portugal de Salazar e Caetano; o outro ao Portugal de Abril, que foi o da ‘revolução dos cravos’.
Curioso é o que se passa com o postal escolhido como um dos dezoito postais que marcam o ano de 1970, enviado de Matosinhos. O postal é o último da série e tem, na frente, a imagem da cidade do Porto, uma cidade periférica, igual a tantas outras no mundo: o casario urbano, o rio e as duas margens, a ponte, os barcos. Ficamos todavia a saber, pelo verso, que até o Portugal salazarista de Marcelo Caetano , que vivia o passado como se presente fora, não podia furtar-se à modernidade, expressa no caso pela pirataria aérea, que então se constituiu como frente de batalha política, com israelitas e palestinianos a digladiar-se a uma escala global, como aliás ainda hoje o fazem, todavia noutras condições.

A abrir ao ano de 1976, Tom Phillips coloca um postal alusivo ao acontecimento que desde 1974 marcava a agenda política mundial – o 25 de Abril, a ‘revolução dos cravos’. Num postal enviado de Lisboa, alguém dá conta das festividades populares que celebram a nova constituição. Mas o que impressiona é a atmosfera do momento: a efervescência dos sentidos; a participação em três comícios numa só noite; o receio de uma ameaça fascista; a força operária do Partido Comunista; a chegada das mulheres à cena política, não importando a idade; um país, no refluxo colonial, a bater-se desenfreadamente pela salvação, através do desvario das forças sociais e políticas, que então travavam um combate radical.


Three postcards mark the presence of Portugal in Tom Phillips’s nineteenth century history in postcards.

We find one of them on the cover, discreetly, in a corner, just discernible amongst an array of postcards. Pope Paul VI is holding hands with Sister Lúcia, posing for the photograph, with Our Lady’s image behind them. We were in 1968 and in Fatima the fiftieth anniversary celebrations of Our Lady‘s apparitions were underway.
The others postcards tell quite a different history. The first one refers to Salazar and Caetano’s Portugal; the second one alludes to 1974, the ‘April of Portugal’, the year of ‘The Carnation Revolution’.

We are amazed at the postcard chosen as one of the eighteen which depict the year 1970. Sent from Matosinhos, this postcard is the last of the series. On the front it shows Porto, a peripheral town, like many others: the urban houses, the river and the two banks, the bridge, the boats. However we find out, by looking at the back, that even Salazarist Portugal, which used to live the present as if it were the past, couldn’t avoid modernity. Highjacking appeared as the expression of modernity and constituted a front of a political war, with Israelis and Palestinians fighting each other at a global scale, as they still do nowadays, however under different conditions.

As an opener for 1976, Tom Phillips presents a postcard referring to April 25, the ‘carnation revolution’, which was the hype of the world political agenda since 1974. In a postcard sent from Lisbon someone points out folk festivities which celebrate the new constitution in the streets. We are surprised by the atmosphere of the moment: the ‘sensory overload’; the participation in three political rallies in an evening only; the fear of the threat of fascism; the working class strength of the Communist Party ; the arrival of women on the political scene, whatever the age; a country, in the days after the colonial epopee, fighting unrestrainedly for salvation with social and political forces frantically engaged in a radical fight.

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