Esq.: Postal editado/ilustrado por FlyingFish (Inglewood, California, EUA); Dir.: Postal editado pelo Centro Georges Pompidou, reproduzindo "The melody haunts my reverie" de Roy Lichtenstein / Left: Postcard published/illustrated by Flying Fish (Inglewood, California, EUA); Right: Postcard published by Centre Georges Pompidou, reproducing "The melody haunts my reverie" by Roy Lichtenstein
A arte imita a cultura popular e a cultura popular imita a arte. Se as obras de Roy Lichtenstein refazem os traços da "literatura em estampas" (foi assim que Rodolphe Töpffer, considerado criador da BD, definiu as histórias aos quadradinhos) é agora a "correspondência em estampas" que recria as suas obras. Quase se poderia jogar ao "descubra as diferenças" entre a série de ilustrações do designer gráfico dos postais "à la Lichtenstein" (das quais o postal à esquerda é exemplar) e as criações do célebre autor da popart. Os postais aqui reproduzidos foram ambos adquiridos na Livraria Flammarion do Centre Georges Pompidou (Paris, França) e enquanto que o primeiro é uma criação para postal ilustrado, o outro usa simplesmente o postal como suporte de reprodução de uma obra de arte do pintor nova-iorquino. Deambulando "pelas convulsões da experiência moderna" (Moisés de Lemos Martins), as artes plásticas do século passado e do século XXI trazem para as suas telas as imagens da cultura de massas, ao recriar as práticas do design, da publicidade ou, no caso de Lichtenstein, da banda desenhada. Por outro lado, as intervenções do design e da publicidade contemporâneas apropriam-se das imagens desta arte informal e descomplexada, transformam-nas, inspiram-se nelas. Os postais, objectos da cultura de massas que participam do imaginário popular e suportes de reprodução e divulgação de obras de arte contemporâneas, são exemplares deste vaivém, restituindo uma história de imagens, onde as distinções entre artes plásticas e artes menores se tornaram tão difíceis ao nível visual e estético quanto vãs do ponto de vista epistemológico.
Arts imitate popular culture and popular culture imitates arts. Roy Lichtenstein's artworks remade the traces of the "engraved literature" (that's how Rodolphe Töpffer, who is considered to be the creator of comic strip, defined the art of comics); nowadays, the "engraved correspondence" is recreating his artworks. We could almost play the “ Find the differences” between the series of illustrations by the graphic designer of postcards “à la Lichtenstein” (the postcard on the left is a good example) and the creations of the famous popart author. The postcards here reproduced were both bought in the Flammarion Bookshop in Centre Georges Pompidou (Paris, France); whereas the first one is a creation for picture postcards, the other one uses postcards as a simple reproduction device for artworks by the New-Yorker painter. Wandering around the “convulsions of the modern experience” (Moisés de Lemos Martins), the fine arts of XXth and XXIth centuries bring the mass culture images to their canvas, recreating design advertising and comics practices. On the other hand, the contemporaneous advertising and design interventions appropriate pictures from these informal and relaxed artworks, they transform them and they use them as source of inspiration. Postcards, which are mass culture objects participating in the popular ‘imaginarium’ as well as reproduction and divulgation tools for contemporaneous artworks, expose this coming and going: they restitute an history of images, where the distinctions between fine arts and minor arts have become as difficult (visually and aesthetically speaking) as empty from the epistemological point of view.
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