Monday, March 8, 2010

…Ou, quando um ícone verte em postal!




Já foi mais familiar e promitente, como também é verdade que quem o produziu já não o fabrica. Isto é, não existe mais. Pelo menos, sob a finalidade iconográfica com que vos apresentamos, porque o tempo e o modo de quem fez de Lenin um “santo”, tal e qual o pudemos ver - um boneco de cera guardado por dois “soldados de chumbo” em tamanho natural, exposto num palco de triunfo perante o desfiar permanente e interminável de uma fila de venerandos peregrinos – pertence agora irremediavelmente ao domínio da(s) memória(s).
Um postal ilustrado com a efígie de Vladimir Ilyich Ulyanov (1870-1924), (em russo: Владимир Ильич Ульянов), mais conhecido por Lénin (Ленин) não passa hoje de uma curiosidade que, de um modo ou de outro, já não compromete ninguém. Nem emissor, nem receptor. A dimensão histórica da figura sobrepôs-se à imanência do que prometia ou anunciava. Mesmo para a memória colectiva da Polónia comunista que o editou, este postal hoje, certamente, já não pode concorrer com os “santinhos” da Polónia católica que, entretanto, reemergiu. Ou seja, já não é “um santo da casa”.
Por fim, podemos admitir ter uma velha relíquia postal, valiosa não pelo motivo, em si mesmo do que representa, mas seguramente porque o desenho já se plasmou com o cartão que o suporta, dando-lhe a genuinidade de um objecto patrimonial. O postal ilustrado passa a valer pelo modo indissociável como o seu motivo se ligou ao contexto em que foi editado. A emoção libertou-se do significado e passou a abraçar o significante. Ambos são para o melhor e o pior um testemunho histórico do passado.
Porém, e ainda mantem-se a questão. Será o ícone que patrimonializa o postal ou este que ajuda a preservar o ícone?! Certamente ambas as coisas, porque quem o produziu já não existe, ou, no mínimo, jamais o fará com o mesmo significado e alcance…

Adeus Lenin!

Verso: Vidalo; kulturní and propagacni oddělení krajského KSC Secretariat, Ústí n. L

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