Ao manusear a colecção de postais ilustrados que a equipa de investigação recolheu na Biblioteca Nacional, não pude deixar de notar que vários exemplares ostentavam uma referência germânica, facilmente identificável como sendo a referência ao editor, como se vê no exemplar acima: Verlag v. H, Vaz, Frankfurt, a M.. Em outros casos, lê-se explicitamente: Made in Germany.
Um artigo muito curioso disponível online devolveu-me a explicação: entre 1880 e 1914, a Alemanha funcionou como o grande centro mundial de produção de postais ilustrados. Essa posição hegemónica, disputada pela Áustria e pelos Estados Unidos, era assegurada pela qualidade das ilustrações e também pela competitividade dos preços.
Durante cerca de três décadas, centenas de milhões de postais foram colocados em circulação por todo o mundo, saídos maioritariamente das tipografias germânicas. Mais do que um meio de comunicação privilegiado, porque rápido, eficiente e económico, o postal conquistou lugar como objecto de colecção: representando lugares e costumes distantes ou eventos e tradições locais, tornou-se moda expor essas colecções nas salas de estar para contemplação das visitas. O seu valor simbólico era tal que se diz que apenas perdiam importância para a Bíblia.
A ‘postcard mania’ começou a declinar por volta de 1913, assim que o cenário político começou a dar os primeiros sinais de instabilidade…e com isso, também a indústria dos postais perdeu fôlego.
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