On est à la pension Mimosa. Farniente, dodo et petits repas. J'ai pris un coup de soleil. Mille pensées affectueuses. Este é um exemplo das muitas mensagens de postais, criadas por Georges Perec (1936-1982), romancista e ensaísta francês que marcou a literatura do séc.XX . O membro do OULIPO (Ouvroir de Littérature Potentielle) escreveu Deux cent quarante-trois cartes postales en couleur véritables (in PEREC, G., 1989, L’infra-ordinaire, Paris: Libraririe du XXIe Siècle, Seuil), uma espécie de correspondência ficional através de postais, dedicada a Italo Calvino, o autor de As Cidades Invísiveis.
Cliché e escrito de modo breve e estandardizado, o postal pode bem ser considerado um próximo antecessor das SMS e de toda a abreviada correspondência electrónica dos nossos acelerados dias. Se escrever postais de modo ‘económico’ e estereotipado é desde o séc.XIX um banal exercício, o autor de La Disparition e de La vie: mode d'emploi fez o exercício inédito de converter a síntese e o cliché num sistema regulado pela ciência exacta dos números. O conjunto de 243 postais sem imagens foi produzido seguindo um procedimento matemático específico – o número total dos postais, a composição das mensagens e a sua ordem estão sujeitos a um sistema lógico engendrado por Perec. O processo assenta na combinação de listas alfabéticas de cidades, regiões e hotéis, de secções próprias a toda a mensagem de bilhete-postal (localização, considerações, satisfação, menções, e saudações) e de fórmulas de expressão... (Mais informações sobre o processo de elaboração de Deux cent quarante-trois cartes postales en couleur véritables aqui )
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